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Não se pode pensar na cidade de Lisboa sem sentir as harmonias do fado e da guitarra portuguesa. Por cada rua, em cada viela, quer faça sol ou faça chuva, sentimos a vibração das cordas beliscadas, o rendilhado harmonioso que, sozinho ou acompanhando a voz, nos remete para o sentimento cuja palavra nos habituámos a chamar “saudade”.
Muitos foram os que, no decurso do tempo, nos deixaram a mensagem cantada e tocada da saudade, de todos os tipos de saudade.
Um dos mais notáveis foi, certamente, Carlos Paredes. Pela sua mestria, ultrapassou a barreira do tempo.
Celebrando os 100 anos do nascimento de Paredes celebramos a alma lisboeta.
O programa que o Guitolão Trio nos apresenta rende tributo ao universo paradoxalmente próximo e misterioso de Carlos Paredes, numa formação original que tem por base o instrumento idealizado por ele e pelo saudoso mestre Grácio, acompanhado por um violino e um acordeão.
“Estação 60” consiste numa viagem pelas diferentes estações da vida de António Eustáquio, autor dos 12 temas que serão apresentados.
PROGRAMA 1. É verdade 2. No rosto branco da vida 3. Que mordi a paz adormecida 4. À veces las palabras nada significan 5. Cada ausencia 6. Cada cicatriz 7. Cada huella 8. Son un poema 9. Missão das folhas 10. Poema a uma Folha Caída 11. Libertação 12. Guitolão
Sobre o Guitolão
O Guitolão, criado pelo saudoso Mestre Gilberto Grácio em 2004, partiu de uma sugestão de Carlos Paredes, que teve eco imediato na construção de um protótipo, que se assemelhava a uma guitarra de Coimbra com um braço mais longo, protótipo este com o qual Paredes chegou ainda a gravar, juntamente com a cantora Cecília de Melo e o poeta Manuel Alegre. Depois de uma doença prolongada, Carlos Paredes acabou por falecer sem nunca ter experimentado o modelo definitivo a que Gilberto Grácio, seu criador, deu o nome de Guitolão e decidiu entregá-lo a António Eustáquio, para ser tocado e divulgado. O Guitolão é um cordofone baseado na guitarra portuguesa mas de maior volume e afinado a uma 5ª inferior, resultando numa sonoridade mais grave e de menor estridência timbrica. A sua boca é redonda com embutidos em madre pérola e rosácea. Arma com seis ordens de cordas todas metálicas. As três primeiras com cordas de aço lisas em uníssono (MI, RÉ, LÁ) as três últimas com corda lisa e bordão em oitava (MI, RÉ, SOL). O comprimento total deste instrumentos é de 1,02m, com braço em Mogno (andiroba) e tampo, em Cedro do Canadá, com comprimento de 47cm e 41,5cm de largura. As ilhargas e o fundo são em Pau-Santo. A Escala em Ébano, tem um tiro de corda de 85cm.
António Eustáquio – Guitolão António Eustáquio nasceu em Portalegre. Apesar de muito tempo passado na capital do país, o Alentejo é o seu meio natural. É Licenciado em Música – Guitarra Portuguesa. Professor de Educação Musical, no ensino oficial, leva a sério a tarefa de ensinar. Apesar da intensa atividade musical, provavelmente ouviremos, sempre que lhe perguntamos, dizer que a sua atividade principal é o ensino. Passou vários anos a procurar novos rumos para a guitarra portuguesa, o que é fácil de constatar se atendermos a alguns títulos da sua discografia, onde, por exemplo, encontramos “Antonio Vivaldi em guitarra portuguesa” ou “Bach em guitarra portuguesa”. Acompanhado pela Camerata Lusitana, leva o ensejo de Carlos Paredes à letra, ou seja, confirma as possibilidades expressivas da guitarra portuguesa como instrumento solista, interpretando obras que exigem um enorme virtuosismo e rigor interpretativo. O encontro com o Guitolão, novo instrumento português, é um momento definidor. Atualmente é um dos únicos proprietários do instrumento sugerido por Carlos Paredes e construído pelo Mestre Gilberto Grácio. O primeiro disco com esse instrumento foi lançado no final de 2008, onde o ouvimos ao lado do “Quarteto Ibero-americano”. O seu projeto, com o contrabaixista Carlos Barreto, traz de volta um amor antigo pelo Jazz. De facto, começou a tocar guitarra elétrica na sua adolescência e chegou a frequentar a Escola do Hot Clube de Portugal. Tem realizado concertos por todo o país e em diversos países da Europa e América. Presentemente desenvolve um trabalho, com o violinista André Gaio Pereira e com o acordeonista Fábio Palma, com quem gravou um novo CD em Guitolão, intitulado: “Estação 60”.
José Sá Machado - Violino (em substituição de André Gaio Pereira) Nascido no seio de uma família de músicos que se estende por gerações. É filho da compositora e harpista Clotilde Rosa e do compositor, arranjador, maestro e pianista Jorge Machado, com quem tocou cerca de vinte anos no Hotel Tivoli em Lisboa. Sua avó materna, a harpista Branca Bello de Carvalho, seu avô materno, o violinista e tenor José Rosa e seu avô paterno, Erasto Sá Machado, chefe de banda em Freixo de Espada à Cinta. Seu irmão Jorge Sá Machado é violoncelista e, por razões familiares, conviveu também de perto com Jorge Peixinho. Iniciou o estudo de Violino na Fundação Musical dos Amigos das Crianças, em Lisboa, e prosseguiu no Conservatório do Porto, com Carlos Fontes. Terminou o Curso Superior de Violino no Conservatório Nacional como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian, tendo estudado com Herbert von Zils, Leonor Prado, Manuel João Afonso e Manuel Villuendas. Estudou Análise Musical e Composição com Constança Capdeville, Álvaro Salazar e Jorge Peixinho. Com uma bolsa de estudo da Secretaria de Estado da Cultura obteve o Diploma de Execução na École Normale de Musique - A. Cortot, em Paris, onde estudou com Serge Blanc. Frequentou igualmente cursos de aperfeiçoamento com Tibor Varga. Tendo-lhe sido atribuída uma bolsa de estudo da Fundação Fulbright, estudou nos E.U.A. com Henry Meyer, do Quarteto La Salle, na Universidade de Cincinnati, onde também estudou interpretação de Música Barroca. Coordena, desde há vários anos, o Quarteto de Belém/Belém Quartet, formação clássica de cordas, com o qual tem participado em diversas iniciativas oficiais, com destaque para receções do protocolo do Estado. É, desde 1995, Diretor Artístico do GMCL - Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, fundado por Jorge Peixinho,
Fábio Palma – Acordeão Fábio Palma nasceu em Lagoa, Algarve. O seu percurso musical como aluno passou pela Academia de Música de Lagos e pela Escola Superior de Artes Aplicadas de Castelo Branco, onde adquiriu os graus de licenciado e mestre em ensino de música. A sua perspetiva artística polivalente tem-lhe possibilitado explorar diferentes áreas da música, dentro do clássico e contemporâneo, jazz, folk, world music, fusion e bandas sonoras. Tem explorado igualmente outras áreas artísticas, individualmente e em grupo, como a recitação de poesia e a representação dramática. Entre 2013 e 2014, frequentou um curso de Acordeão e Técnica Alexander em Itália, com Claudio Jacomucci e Kathleen Delaney, onde abordou vários aspetos da performance e interpretação musicais, associados a princípios de correção postural e eficiência. Na última década tem sido convidado com regularidade a participar em gravações discográficas nacionais e internacionais. A par da atividade performativa em Portugal e na Europa, tem-se apresentado também fora do continente, com concertos em países como Angola e Colômbia. Participou em vários concursos nacionais e internacionais, enquanto músico solista e inserido em grupos musicais, tendo obtido excelentes classificações, com destaque para edições do concurso Folefest (1º prémio em solo e música de câmara), concurso de Jovens Interpretes de Caldas da Rainha (1º prémio ex-aequo), concurso Internacional de Acordeão de Castelfidardo, Itália (2º prémio em música de câmara) e Prémio Jovens Músicos (2º prémio em acordeão solo). Os seus alunos têm sido igualmente reconhecidos com excelentes prémios em vários concursos conceituados de acordeão. Integra grupos de música de distintos géneros, com destaque para o projeto de Teresa Salgueiro, Café D’Alma, MaZéi, Drama&Beiço e, numa vertente mais erudita, All Libitum Trio. Gravou com o violinista André Gaio Pereira e com o guitarrista António Eustáquio o CD “Estação 60”.